"Aqueles que esperam que eu participe de algum evento nos Estados Unidos, não percam seu tempo... Eu não tenho visto", declarou o autor. // Reprodução
Porto Velho, RO - O nigeriano Wole Soyinka, o primeiro africano a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1986, teve seu visto para os Estados Unidos revogada pela administração do presidente Donald Trump.
Em uma coletiva de imprensa realizada na última terça-feira, 28 de outubro, Soyinka anunciou que a embaixada dos EUA cancelou o visto que lhe fora concedido no ano anterior, obrigando-o a solicitar um novo documento caso deseje viajar para o país norte-americano.
“Aqueles que esperam que eu participe de algum evento nos Estados Unidos, não percam seu tempo… Eu não tenho visto”, declarou o autor.
Durante sua fala, ele enfatizou que não possui antecedentes criminais que justifiquem tal revogação. A decisão foi comunicada por meio de uma carta datada de 23 de outubro, lida em voz alta diante da imprensa em Lagos, capital econômica da Nigéria.
Em tom humorístico, Soyinka referiu-se à notificação como uma “carta de amor bastante curiosa” da embaixada. Ele questionou: “Alguma vez me comportei mal com os Estados Unidos? Já infringi alguma lei em algum lugar?”
Críticas a Donald Trump
O escritor levantou a hipótese de que suas recentes comparações entre Trump e o ditador ugandense Idi Amin — responsável pela morte de cerca de 300 mil pessoas e pela devastação do país entre 1971 e 1979 — possam ter influenciado a decisão da embaixada.
O visto em questão é um visto temporário geralmente concedido para turismo, tratamento médico, negócios ou trabalho.
Aos 91 anos, Soyinka já passou temporadas nos Estados Unidos lecionando em diversas universidades.
Em 2016, ele havia anunciado a renúncia à sua residência americana como forma de protesto contra a eleição de Donald Trump para seu primeiro mandato na presidência.
Desde que Trump reassumiu a Casa Branca em janeiro deste ano, a administração tem intensificado as deportações e firmado acordos com países africanos como Eswatini, Gana, Ruanda, Uganda e Sudão do Sul.
A Embaixada dos Estados Unidos na Nigéria informou em julho passado que os cidadãos nigerianos interessados em viajar para os EUA receberão apenas permissões de entrada única, válidas por um período de três meses.
Essas novas diretrizes coincidem com a retomada das deportações dos EUA para países terceiros nos últimos meses, após a autorização da Suprema Corte para que o governo Trump realizasse essas expulsões — uma vitória significativa para sua política rigorosa de imigração.
Fonte: O Antagonista




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