Porto Velho, RO - O sistema público de saúde do Reino Unido apagou de seu site um texto que mencionava “benefícios” do casamento entre primos de primeiro grau.
O material, publicado pelo Programa de Educação Genômica do Serviço Nacional de Saúde britânico, foi retirado do ar depois de forte reação de médicos e parlamentares conservadores.
O texto, divulgado no fim de setembro, questionava se o governo deveria proibir esse tipo de união. Ele sugeria que casamentos entre primos poderiam trazer “sistemas de apoio familiar mais fortes” e “vantagens econômicas”.
Especialistas em genética consideraram a publicação irresponsável.
Segundo dados do próprio NHS, filhos de pais não aparentados têm de 2% a 3% de chance de nascer com malformações ou deficiências. Entre primos de primeiro grau, esse número sobe para 5% a 6%.
Pesquisadores do estudo Born in Bradford (“Nascidos em Bradford”), ligado a universidades britânicas, confirmaram que o risco de doenças genéticas é duas vezes maior nessas uniões, mesmo quando são considerados fatores como idade materna e tabagismo.
O secretário de Saúde, Wes Streeting, pediu desculpas públicas.
Ele afirmou que “as evidências médicas são claras” e que o texto “nunca deveria ter sido publicado”.
Em nota, o NHS reconheceu que há risco aumentado para filhos de casamentos consanguíneos e disse que pretende “aconselhar pacientes de forma respeitosa e baseada em evidências”.
A Fundação Pharos, que trabalha com saúde pública e integração comunitária, classificou o artigo como “enganoso”.
O médico Patrick Nash, da instituição, disse ao jornal The Telegraph que o casamento entre primos “é uma forma de incesto e deve ser proibido com urgência”.
No Reino Unido, casamentos entre primos são legais desde o século 16.
A prática continua comum em famílias originárias do Paquistão, de partes da África e do Oriente Médio.
Em Bradford, norte da Inglaterra, quase metade das mães da comunidade paquistanesa é casada com um primo de primeiro ou segundo grau, segundo dados de 2023.
Parlamentares conservadores apresentaram projetos de lei para proibir esse tipo de casamento, alegando risco à saúde pública.
Uma pesquisa da empresa YouGov mostrou que 77% dos britânicos apoiam a proibição.
Fonte: Fonte: O ANTAGONISTA//////Alexandre Borges



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