O fundo do mar ainda guarda segredos. Nova espécie deixou os pesquisadores em dúvida sobre o que se tratava (imagem ilustrativa) - Créditos: depositphotos.com / spopov
Porto Velho, RO - Cientistas registraram um comportamento jamais observado em cefalópodes: uma espécie desconhecida de lula do fundo do mar foi filmada enterrando quase todo o corpo no sedimento, de cabeça para baixo, com os tentáculos erguidos como se fossem plantas.
A descoberta intrigou pesquisadores e reacendeu debates sobre o quanto ainda sabemos pouco sobre a vida nas profundezas do oceano.
O comportamento inédito da lula que parecia uma planta
O registro aconteceu a cerca de 4.100 metros de profundidade, na Zona Clarion-Clipperton, no Oceano Pacífico. A lula estava quase totalmente coberta por sedimentos, com apenas o sifão e dois longos tentáculos visíveis, posicionados de forma rígida acima do fundo marinho.
Esse tipo de comportamento nunca havia sido documentado em lulas de águas profundas, muito menos com o animal enterrado de cabeça para baixo, algo que deixou os cientistas surpresos.
Nova espécie consegue se enterrar na areia para imitar uma planta marinha – Mejía-Saenz et al. 2025Por que essa espécie de lula confundiu os pesquisadores?
No primeiro momento, os pesquisadores pensaram que estavam observando estruturas do próprio fundo do mar, como esponjas de vidro ou vermes tubulares. Só após notar movimentos sutis é que perceberam se tratar de uma lula.
Segundo os cientistas, trata-se provavelmente de uma espécie ainda não descrita de lula do tipo whiplash, o que reforça o caráter inédito da descoberta.
A estratégia de camuflagem no fundo do oceano
Os pesquisadores acreditam que a lula estava usando uma estratégia conhecida como mascaramento, em que o animal imita objetos inanimados do ambiente para não ser percebido por predadores.
Ao se enterrar e deixar apenas os tentáculos aparentes, semelhantes a esponjas, a lula pode estar:
- Evitando predadores como baleias de bico
- Atraindo crustáceos, sua principal fonte de alimento
O que essa descoberta revela sobre o oceano profundo?
Planícies abissais como a Zona Clarion-Clipperton estão entre os ambientes menos explorados do planeta. Mesmo em áreas já estudadas, encontros com cefalópodes são extremamente raros.
Em milhares de quilômetros de exploração com veículos submarinos, os cientistas observaram apenas algumas dezenas de lulas, o que explica por que comportamentos tão diferentes só agora estão vindo à tona.
Preocupação com mineração em águas profundas
A descoberta ocorreu em uma região alvo de projetos de mineração submarina, voltados à extração de metais usados em baterias e tecnologias modernas. A movimentação do sedimento causada por essas atividades pode afetar gravemente espécies que dependem do fundo marinho para sobreviver.
Os pesquisadores alertam que ainda não sabemos o impacto real dessas intervenções em ecossistemas tão pouco conhecidos.
Planícies abissais como a Zona Clarion-Clipperton estão entre os ambientes menos explorados do planeta. Mesmo em áreas já estudadas, encontros com cefalópodes são extremamente raros.
Em milhares de quilômetros de exploração com veículos submarinos, os cientistas observaram apenas algumas dezenas de lulas, o que explica por que comportamentos tão diferentes só agora estão vindo à tona.
Preocupação com mineração em águas profundas
A descoberta ocorreu em uma região alvo de projetos de mineração submarina, voltados à extração de metais usados em baterias e tecnologias modernas. A movimentação do sedimento causada por essas atividades pode afetar gravemente espécies que dependem do fundo marinho para sobreviver.
Os pesquisadores alertam que ainda não sabemos o impacto real dessas intervenções em ecossistemas tão pouco conhecidos.
Por que descobertas como essa são tão importantes?
Segundo especialistas, cada novo registro no fundo do mar mostra o quanto ainda conhecemos pouco sobre a biodiversidade oceânica. Lulas de águas profundas são rápidas, esquivas e raramente observadas, o que torna cada encontro extremamente valioso.
Em resumo, essa lula enterrada de cabeça para baixo não apenas revelou um comportamento inédito, mas também reforçou a urgência de estudar e proteger os ecossistemas mais profundos do planeta.
Fonte: O Antagonista



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