Graham Platner, aliado de Bernie Sanders, é acusado de ostentar símbolo da SS e enfrenta pressão para deixar a disputa no Maine. // Foto: Reprodução
Porto Velho, RO - Graham Platner, candidato da extrema-esquerda democrata ao Senado dos Estados Unidos que se descreve como “comunista” e “antifascista”, está no centro de um escândalo após vir a público e admitir que tem no peito uma tatuagem semelhante ao Totenkopf, o emblema usado pela tropa de elite nazista SS.
Ele afirmou que queria se antecipar à divulgação do material por adversários e garantiu que não sabia do significado histórico da imagem.
Segundo disse, fez a tatuagem em 2007, durante uma noite de bebedeira quando servia no Corpo de Fuzileiros Navais e estava de licença na Croácia. “Não sou um nazista enrustido”, declarou.
Hoje, o Totenkopf é reconhecido internacionalmente como símbolo de ódio e está incluído em listas de imagens associadas a grupos extremistas e neonazistas.
O relato do candidato é contestado por pessoas que conviveram com ele.
Um ex-colega em Washington afirmou ao site Jewish Insider que Platner se referia à tatuagem como “meu Totenkopf” e sabia o que ela representava. Ele contou que o candidato costumava exibir o desenho em bares e o descrevia de forma descontraída.
A ex-diretora política da campanha, Genevieve McDonald, também afirmou que Platner sempre soube da origem do símbolo.
Em mensagem publicada nas redes sociais, disse que o político é “fã de história militar” e que “não há desculpa para manter uma tatuagem antissemita”.
McDonald pediu demissão após a repercussão das mensagens antigas de Platner em fóruns on-line, nas quais ele fazia comentários ofensivos sobre negros, mulheres e policiais.
Diante da pressão, Platner afirmou em entrevista que cobriu o desenho com outro.
Disse que optou pela cobertura por falta de clínicas especializadas em sua região no interior do Maine e declarou: “Quis tirar isso do meu corpo.”
O senador Bernie Sanders, que é judeu e apoia Platner, minimizou a polêmica.
Afirmou que o candidato serviu em zonas de guerra e tem “coragem para disputar uma eleição difícil”. A direção do Partido Democrata ainda não decidiu se manterá o nome de Platner na corrida contra a republicana Susan Collins, que ocupa o cargo há três décadas.
O caso ocorre a menos de um ano do início oficial da campanha eleitoral e acendeu alerta entre líderes democratas, que temem desgaste em um dos estados mais competitivos para a sigla em 2026.
Sobre o Totenkopf
O Totenkopf, termo alemão que significa “cabeça da morte”, é um símbolo formado por uma caveira sobre dois ossos cruzados.
A imagem foi usada por diferentes unidades militares da Alemanha ao longo dos séculos, mas ficou marcada pela apropriação feita pelos nazistas.
Durante o regime de Adolf Hitler, o Totenkopf foi adotado como emblema da SS, a tropa de elite comandada por Heinrich Himmler, responsável por operações de segurança, repressão política e pela administração dos campos de concentração.
O símbolo aparecia nos uniformes e bonés dos oficiais e tornou-se um dos principais ícones visuais do terror nazista.
A origem do desenho remonta ao século XVIII, quando regimentos do exército prussiano utilizavam a caveira como representação da coragem diante da morte.
Décadas depois, o símbolo reapareceu na Primeira Guerra Mundial, em divisões de tanques e cavalaria.
Com a ascensão do nazismo, o Totenkopf perdeu qualquer associação militar tradicional e passou a representar o genocídio e a ideologia racial do regime.
Após a Segunda Guerra Mundial, o uso do Totenkopf foi proibido na Alemanha.
Por esse motivo, tatuagens e objetos que reproduzem o emblema costumam gerar controvérsia e rejeição pública, especialmente quando exibidos por figuras públicas.
Fonte: O Antagonista//Alexandre Borges



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